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Biografia

           Brecheret nasceu em 15 de dezembro de 1894, cidade de Farnese, província de Viterbo, Itália, e muito criança ficou órfão de pai e mãe, indo morar com os tios Augusto e Paulina Nanni. Desde pequeno adorava fazer bonecos de barro, que queimava no forno de sua casa. Num certo dia, enquanto caminhava pela rua, encontrou no chão uma revista com ilustrações fotográficas de obras de Auguste Rodin; a descoberta lhe deu inspiração para o que queria ser no futuro: seria escultor!

 

            Aos 18 anos, começou a freqüentar o curso do Liceu de Artes e Ofícios, tendo aulas de desenho, modelagem, entalhe em madeira. Durante o dia, trabalhava na fábrica de sapatos do tio, e à noite, ia ao curso. Após quase dois anos de estudos, um dos professores do Liceu chamou sua tia e lhe disse: “Senhora, nós não podemos mais ensinar nada para esse menino. E ele tem um talento fantástico. Se vocês pudessem levá-lo para Roma ou para Paris, lá ele poderia aprender o que quer. Ele tem muito talento, eu acho que valeria a pena”. A família lhe comprou uma mala nova e uma passagem de navio para a Itália. Brecheret partia então para a vida.

                                                                                                                                                             

            Em Roma, começou como aprendiz de Arturo Dazzi, escultor clássico e famoso na arte italiana da época. Brecheret amassava o barro, fazia armações para blocos. Aprendeu com Dazzi anatomia humana e animal, a arte de esculpir e ainda a técnica e a maestria na escolha dos materiais. Além de desenhar, Brecheret também fazia suas próprias esculturas num cantinho do ateliê. Durante a noite, freqüentava como ouvinte a Escola de Belas Artes. Aprendeu muito com a arte de escultores famosos: Bourdelle, Maillol, Rodin, Ivan Mestrovic – e este último, iugoslavo, muito influenciou as linhas e o relevo de Brecheret. Sob o impacto de Rodin, o nosso artista se tornaria outro escultor: aprendeu uma nova maneira de conceber a forma, de jogar com a luz. E aos poucos, foi se aprofundando na direção da modernidade.

 

            Em 1919, após 13 anos vivendo, aprendendo, criando e crescendo como artista, voltou ao Brasil. Pediu então a Ramos de Azevedo, diretor do Liceu, um ateliê e este conseguiu numa das salas do Palácio das Indústrias, ainda em construção. Brecheret esculpia solitariamente até que em 1920 foi descoberto por acaso pelos modernistas. Oswald de Andrade, Di Cavalcanti, Helios Seelinger e Menotti del Picchia tinham ido até lá para rir do novo artista que chegara àquele prédio e ficaram, de imediato, fascinados por sua arte. Havia chegado, então, o grande momento de Brecheret.

 

          Naquele mesmo ano, participou do concurso para o Monumento às Bandeiras, saindo-se vitorioso. Mas, ao invés de iniciar a construção da obra, por causa da falta de dinheiro do governo para executar o projeto, ganhou um “prêmio de consolação” para estudar em Paris. Parte em 1921, deixando aqui as 12 peças que exporia na Semana de Arte Moderna de 1922, dentre elas “Soror Dolorosa”, “Vitória”, “Ídolo” e “Cabeça de Cristo”. Ficaria na França, entre vindas e idas, por 15 anos. Neste longo período, expôs individuais em São Paulo e no Rio, participou dos Salões Franceses e ganhou inúmeros prêmios internacionais: com a obra “Sepultamento, em 1923, no Salon d’Automne; menção honrosa em 1925 no Salon des Artistes Françaises; Cruz da Legião de Honra da França, no campo das Belas Artes, no Grau de Cavaleiro, em 1934. Foi sócio-fundador da Sociedade Pró-Arte Moderna, SPAM, em 1932.

 

            Em 1936, finalmente, iniciou a construção do Monumento às Bandeiras, e só o finalizaria em 1953. Brecheret administrava o seu tempo para executar outros trabalhos, fazendo também, neste período, “Graça I” e “Graça II” para a Galeria Prestes Maia, “Depois do Banho”, que se encontra no Largo do Arouche, “Monumento a Duque de Caxias”, no Parque Princesa Isabel.

                                                                                                                              

 

            Em 1951, foi convidado para a I Bienal Internacional de São Paulo, ganhando o Prêmio Nacional de Escultura, com a obra “O Índio e a Suaçuapara”.

 

Os projetos de Brecheret eram muitos, tinha forças inesgotáveis para produzir e criar. Sempre sério, dizia que o artista marca sua passagem nesta vida através dos monumentos que deixa para a posteridade. Estava certo.

 

            Faleceu em 1955, de infarte. Mas suas obras, espalhadas pela cidade de São Paulo, transmitem-nos o espírito, a genialidade e a grandiosidade deste escultor.

 

IVB - Instituto Victor Brecheret

Victor Brecheret Filho - Presidente